sexta-feira, 3 de abril de 2009

Os feriados, tolerâncias de ponto e os dias úteis

Apetecia-me escrever algo mas falta-me inspiração. Tudo o que vejo é o calendário à minha frente onde religiosamente, no início de cada ano, marco a fluorescente todas as possíveis tolerâncias de ponto e todos os feriados, os nacionais, os regionais e até os locais. E marco também os fins-de-semana e assim os dias úteis ficam mais reduzidos. Tal tolice, penso às vezes, cada é um dia e deve ser vivido independentemente de ser Terça-feira ou Sábado. Muitas coisas menos agradáveis até acontecem nos dias marcados a fluorescente.

O Dia das Mentiras e a criança dentro de mim

Este ano no dia das mentiras não preguei nenhuma a ninguém. A bem da verdade, tão envolta que estava nos meus assuntos nem sequer me lembrei que este dia é famoso pelas “petas” que por tradição pregamos sempre aos nossos pais ( a minha mãe é um alvo perfeito ) e aos nossos amigos. Até os jornais e a televisão o fazem noticiando algo falso.

Não, este ano não preguei nenhuma a ninguém ( a minha mãe deve ter estranhado ). Será que estou a deixar morrer aos poucos a criança dentro de mim?

O tio da América

Há dois ou três dias a esta parte que ando a pensar na morte. Não na minha que graças a Deus ainda penso estar por cá mais algum tempo, mas na morte dos outros, daqueles que nos são próximos ou então próximos de alguém que conhecemos bem.

Soube que um tio do meu marido, agora com 82 anos, está a morrer com um cancro.

Curiosamente ele nasceu na casa onde agora vivo e talvez por isso esta situação me esteja a fazer pensar um pouco mais no assunto. Como a nossa vida é breve em relação às coisas que possuímos.

A divisão da casa em que neste momento estou aqui a partilhar este pensamento convosco é o meu “escritório”. É uma divisão onde o computador partilha o seu espaço com os lápis de colorir do meu filho e a tábua de passar a ferro. Continua a ser uma divisão sem janelas, o chamado, por várias gerações de “quarto escuro”. Outrora … há 82 anos atrás … um quarto de uma criança que aqui se fez homem e emigrou.

Não posso deixar de transcrever, à laia de homenagem ao tio da América, uma passagem de Agustina Bessa-Luis em “A Sibila”:

… muito depois da morte, enquanto uma impressão da nossa mão restar na superfície de um objecto que uma vez se tocou, o tempo ainda nos pertence

A qualidade de vida depois do mau trabalho

Tenho a minha paciência no limite em relação ao meu trabalho. O assunto não é novidade para milhares e milhares de portugueses que todos os dias lutam e aguentam e lutam mais uma vez e continuam a aguentar. É a correria do trânsito, o tempo que não dá para nada, a entidade patronal que cada vez exige mais, são as lidas da casa, o querer estar perfeita para todos, o verniz da moda que ainda não se comprou e os filhos que queremos criar o melhor possível dentro dos melhores valores morais.

A minha questão é precisamente essa, que qualidade de vida dou ao meu filho quando chego a casa cansada física e psicologicamente e ainda tenho as tarefas domésticas para fazer? Entre o jantar em família, o banho, as roupas e as tão naturais birras próprias da idade dele ainda tenho que encontrar forças para ter tempo de brincar o que nem sempre é fácil e nem sempre consigo.

Velozmente os dias vão passando, as semanas e os meses também e eu penso para mim mesma se estou a fazer realmente o que é preciso, o que é importante. Não me quero arrepender mais tarde e disso tenho medo.

O mundo mais pequeno com a Internet

Como o prometido é devido, lá fui eu espreitar alguns blogues na net. Uns porque queria mesmo conhecê-los, outros porque apareciam em páginas que por diversos motivos consultava.

É curioso este fenómeno que ainda agora comecei a conhecer. Dá a sensação que o mundo é realmente muito mais pequeno do que pensamos e que estamos todos muito mais perto uns dos outros.

Há alguns anos atrás foi a televisão que nos aproximou consideravelmente e posso dar até o exemplo concreto das Ilhas Açorianas que, apesar de tão próximas pouco sabiam umas das outras; hoje é a internet com os seus motores de busca que encontram mesmo tudo, os e-mails, as compras on-line, o YouTube (outra realidade nova para mim) e os blogues

Achei que também tinha o direito de deixar o meu testemunho mesmo que isso não servisse para nada e portanto aqui vou eu …