terça-feira, 17 de novembro de 2009

Onde É Que Você Estava?

Desaparecimento da Maddie McCann

Foi um dia cansativo no trabalho e estava cedo na cama a ver televisão com o meu marido e felizmente também com o meu filho de ano e meio.

Foi angustiante mas pensei que com tanta cobertura jornalística e investigação, ela apareceria no dia seguinte, viva ou morta na pior das hipóteses.


Onde estava no 11/09

Era dia "de D. Dina", a empregada doméstica de toda a vida, a sala estava completamente revirada para limpezas e tinhamos a televisão por companhia.

O primeiro avião ... trágico acidente ?!

Ai Jesus que desgraça foi esta?

O segundo avião ... confusão!

Meu Deus que foi isto afinal ?!


Sismo de 1980, Ilha Terceira e Grupo Central, Açores

Ainda era pequena mas lembro-me perfeitamente como se fosse hoje.

Morava ainda no continente e as imagens chegaram-me pela RTP.

Chorei muito, fiquei muito triste.

Afirmei com a certeza dos meus 7 anos que nunca iria viver nos Açores...

... Enganei-me.

domingo, 4 de outubro de 2009

DIA DE ELEIÇÕES

Estamos a poucos dias das eleições legislativas, estas agora Domingo e as outras mais para a frente, não vão os portugueses, coitados fazer confusão em que quadrado pôr a cruz.

Não é muito prático ir votar duas vezes num curto espaço de tempo mas a vida é assim e a decisão está tomada. Imaginem como seria a noite dos resultados eleitorais… o partido tal já tem um deputado na Assembleia, fulano/a de tal a caminho de Belém e entretanto foi nomeado para a Junta de Freguesia de um lugar que ninguém ouviu falar, o Sr. Joaquim.

Teria de haver tolerância de ponto no dia seguinte tal era a estafa de uma noite eleitoral tão alongada e tolerâncias de ponto, como diz o outro, não põe o país a andar para a frente.Ironia à parte, estou ansiosa por Domingo!

Sempre votei, abstenção não é definitivamente uma opção para mim e a noite dos resultados eleitorais ainda me consegue entusiasmar.

Votem em consciência!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Asas

Bom dia, eu sou uma gaivota.

Sou igual a todas as outras que estás habituado a ver voar no céu, por isso o meu nome não interessa.

Sou daqueles animais que se desaparecessem do mundo ninguém notaria, a não ser talvez alguma alma mais sensível a estas coisas da natureza.

Vim falar contigo porque te conheço bem, vens aqui todos os dias olhar o mar.

Sentas-te naquela rocha que agora está coberta pela fúria das ondas e ficas aí horas …
Em que pensas? O que pensam os humanos quando ficam assim? Nos enganos do mundo?

Ficas um longo tempo em silêncio, mas eu ouço os teus gritos de fúria, os teus chamamentos, o teu amor.

Se tivesses asas como eu, podíamos ir os dois até lá e pelo caminho eu mostrar-te-ia como as distâncias são mais curtas e o mundo mais belo visto de cima.
É como Deus o vê e talvez seja por isso que aqui em baixo sofres.

Vamos.

Não deixes que o sol queime as tuas asas.

sábado, 15 de agosto de 2009

No meio do mar

Sonho lindo no meio do mar
Com flores e abraços
E beijos intactos que dormem no meu coração.
Recordação bonita de coisas tão minhas.

Voltarei para ti após o tormento,
Passados os suplícios
E os desertos,
Tocados os fantasmas
E percorridos os medos.

E viverei de novo em ti
No mais tranquilo adormecer
E com o sono e o sonho
Onde nada se perde,
A perfeição e a harmonia,
De uma recordação bonita de coisas tão minhas.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Os feriados, tolerâncias de ponto e os dias úteis

Apetecia-me escrever algo mas falta-me inspiração. Tudo o que vejo é o calendário à minha frente onde religiosamente, no início de cada ano, marco a fluorescente todas as possíveis tolerâncias de ponto e todos os feriados, os nacionais, os regionais e até os locais. E marco também os fins-de-semana e assim os dias úteis ficam mais reduzidos. Tal tolice, penso às vezes, cada é um dia e deve ser vivido independentemente de ser Terça-feira ou Sábado. Muitas coisas menos agradáveis até acontecem nos dias marcados a fluorescente.

O Dia das Mentiras e a criança dentro de mim

Este ano no dia das mentiras não preguei nenhuma a ninguém. A bem da verdade, tão envolta que estava nos meus assuntos nem sequer me lembrei que este dia é famoso pelas “petas” que por tradição pregamos sempre aos nossos pais ( a minha mãe é um alvo perfeito ) e aos nossos amigos. Até os jornais e a televisão o fazem noticiando algo falso.

Não, este ano não preguei nenhuma a ninguém ( a minha mãe deve ter estranhado ). Será que estou a deixar morrer aos poucos a criança dentro de mim?

O tio da América

Há dois ou três dias a esta parte que ando a pensar na morte. Não na minha que graças a Deus ainda penso estar por cá mais algum tempo, mas na morte dos outros, daqueles que nos são próximos ou então próximos de alguém que conhecemos bem.

Soube que um tio do meu marido, agora com 82 anos, está a morrer com um cancro.

Curiosamente ele nasceu na casa onde agora vivo e talvez por isso esta situação me esteja a fazer pensar um pouco mais no assunto. Como a nossa vida é breve em relação às coisas que possuímos.

A divisão da casa em que neste momento estou aqui a partilhar este pensamento convosco é o meu “escritório”. É uma divisão onde o computador partilha o seu espaço com os lápis de colorir do meu filho e a tábua de passar a ferro. Continua a ser uma divisão sem janelas, o chamado, por várias gerações de “quarto escuro”. Outrora … há 82 anos atrás … um quarto de uma criança que aqui se fez homem e emigrou.

Não posso deixar de transcrever, à laia de homenagem ao tio da América, uma passagem de Agustina Bessa-Luis em “A Sibila”:

… muito depois da morte, enquanto uma impressão da nossa mão restar na superfície de um objecto que uma vez se tocou, o tempo ainda nos pertence